sábado, 10 de novembro de 2007

Além de Nicodemus

Ao iniciar a leitura dos primeiros capítulos do Evangelho de Jesus segundo escreveu João, iremos nos deparar com um diálogo interessante entre Jesus e um dos líderes dos Judeus, Nicodemus.
Num Contexto histórico interpretativo, veremos que Nicodemus demostra certa fascinação pelo modo de vida e, porque não dizer, pela doutrina/prática espiritual de Jesus.

Certamente ele via em Jesus uma perfeita sintonia entre o discurso e a vida, as palavras e as atitudes e isso lhe trazia admiração, pois Jesus realmente agia como pregava, e por isso, dava muitos frutos.

Podemos em contraponto supor que havia também certo cansaço ou desilusão com a religiosidade morta, cheia de regras, rotineira e vazia que ele vivia.
Crer em um Deus engessado pelas práticas da religião e depois ver que existe algo além disso (uma interação entre Deus e os homens) deve ter sido a razão que levou Nicodemus a procurar por Jesus.

Outro ponto interessante que deve ser ressaltado é o fato de Nicodemus ter ido falar com Jesus à noite, talvez por temer retaliações por parte do povo, dos fariseus ou dos outros sacerdotes.

Mas esse medo ou cautela não era maior do que a sede por conhecer o Deus Vivo que Aquele Rabi Nazareno tanto falava, honrava e demonstrava em sinais e milagres.

Ele demostra isso claramente em suas palavras, que em uma releitura prática deveriam dizer: "Nós sabemos que você veio de Deus, pois vemos que você não apenas fala Dele, mas seus atos e os sinais e milagres que você opera, demostram que Ele está contigo."

Jesus Sabia que Nicodemus sentia em seu coração o desejo de viver a fé desta maneira e por isso, disse que para ver o reino de Deus era necessário nascer de novo.

Esse termo não foi entendido por Nicodemus, pois ele não associou o novo nascimento com o Nascer de Deus (no Mundo Espiritual), mas sim o nascer no mundo natural.

Jesus então explica que o nascer natural (da carne) nos torna seres humanos, mas o nascer do Espírito, gera seres espirituais, os filhos de Deus.

Para explicar o novo nascimento, Jesus apresenta dois elementos : a água e o Espírito, os quais estão diretamente ligados ao arrependimento, perdão dos pecados, redenção, adoção como filhos de Deus, nova consciência, processo de regeneração, nova vida e arrebatamento.

A água simboliza o batismo, que era um ritual de purificação somente para os não-judeus, mas que estava sendo aplicado por João Batista (que preparou o caminho de Jesus).
Ele está associado ao desejo de mudança de vida, ao arrependimento e à purificação.
As referências bíblicas sobre o batismo são: João 1:19-37, Mateus 3, Marcos 16:15-16, atos 2:14-47, Gálatas 3:26-29, Romanos 6:3-11, colossenses 2:8-15, 1Pedro 3:11-22).

O Espírito diz respeito à regeneração produzida pelo Espírito Santo, uma transformação da natureza carnal, pecadora e adâmica pela Natureza espiritual, santa e segundo à imagem de Jesus Cristo.

O Espírito Santo é o consolador, aquele que foi mandado por Deus para ficar no lugar de Jesus aqui na Terra, para não nos deixar orfãos.
Ele nos guia em toda verdade (João 14:15-26, 16:5-14), Ele transforma a nossa natureza, retirando os frutos da carne e produzindo os do Espírito (Gálatas 5:16-25).

Para concluir, gostaria de explanar um pouco sobre o motivo principal para toda essa obra de Deus: Seu grande amor pela humanidade (João 3:16, Romanos 5:6-21).

Esse grande amor é a razão de Deus ter todo esse cuidado por nós e Jesus ter nos amado muito mais que sua própria vida (João 15:12-13, João 10:14-18)

Vemos no final do texto (do versículo 14 até o 21) que Jesus explica a Nicodemus o grande amor do Pai, o plano da salvação, o perdão de nossos pecados pela sua morte na cruz e a rejeição daqueles que não desejam sair das trevas, nem nascer de novo, mas somente viver escondidos atrás da religiosidade morta, os quais seriam julgados e condenados não somente pelo seus pecados, mas por negar tão grande salvação e perdão, se julgando santos demais e pensando não ter necessidade.

Creio que é dever de todos os cristãos procurarem viver um cristianismo Vivo, que não se resume apenas aos rótulos religiosos/denominacionais, aos dogmas de fé ou doutrinas, mas sim uma fé viva, uma experiência de comunhão diária com Deus, um bom relacionamento com nosso próximo, um desejo de obedecer à Palavra de Deus por amor a Deus, procurando sempre ser da maneira que Nosso Pai Celestial quer que sejamos: seus filhos santos e amados, discípulos de seu Filho Unigênito, Jesus Cristo.